8 de maio 2020

exilada lua em cabra sem lar. deslocada. sem conforto, ninguém sabe quem eu realmente sou. nem eu. sempre em desconforto, fronteiriça. mal estar é lugar comum. aprendi a dissimular e todo dia que eu minto gaguejo menos. na garganta acumulo todos os gritos que não dei. olho firme nos olhos pra dizer qualquer coisa que traduza “você não me atinge” e mesmo que seja perceptível que fui atingida, ela não avança. eu subo muros em volta de mim. errada ou certa, na porta da cara ainda levo escrito “não perturbe”. cada uma sabe de si e de sua couraça.