a gente não quer, mas a gente odeia — às vezes a gente quer sim. odeia as tatuagem, o que jeito que fala, onde já foi — principalmente o que pensa y consequentemente o que faz. a gente odeia sim. odeia y parece rivalidade feminina. odeia y parece manha ou ciúmes. odeia y parece gratuito. mas não é. se tem uma coisa que é, é caro. a gente odeia até a tranquilidade. a simpatia y a polidez que aprenderam bem. às vezes odeia e nem pá. olha pro lado, muda de assunto, vai mijar. outras vezes odeia mesmo. do peito latejar. eu odeio e não ligo. não me faz mal odiar. o ódio alimenta a classe de baixo e nos faz mais fortes, mais convencidas y confiantes. odiar o que vem de cima nos dá autoestima às vezes. ganas pra luta.
[o nome pode ser ode ao ódio ou áries pobre. escrevi pensando nesse povo que ostenta drinque de vinte conto no rolê “alternativo”. nesse povo que viaja pras europa e fala “mas aqui é brasil” dando de entender “aqui posso tudo”. esse povo que organiza “som legal”, mas sempre “esquece” de questionar, racializar e tornar acessível financeiramente. esse povo que pensa várias coisas sobre política na bolha de amigas da mesma cor e classe. o nome pode ser ode ao ódio ou áries pobre]